quarta-feira, 13 de novembro de 2013

SOBRE O INFINITO, UMAS LARANJAS E O BIGODE. A senhora sempre comprava as mesmas frutas vermelho amareladas pra fazer suco no final da tarde. Ia sempre na mesma venda. Levava sempre os mesmos sacos surrados com um símbolo de infinito na frente. Todos os dias. Curioso, o senhor bigodudo que vendia as tais frutas quis fazer mais uma de suas perguntas inteligentes e ter assunto para contar no mesmo bar de todos os dias. O mesmo bar. - Bom dia, senhora. - Bom dia. - As laranjas de sempre? - Dez, por favor. - Posso fazer uma pergunta? Agora sua expectativa chegava ao tamanho do seu bigode - Já fez. Ele ignora. - Isso nas suas sacolas, significa infinito, não é? Agora ele já achava que sua esperteza estava maior que o bigode. - Sim. - Mas todos os dias tem que comprar laranjas novas. E as coloca aí dentro. Elas acabam rápido, a vida acaba rápido, o dia acaba rápido, o suco acaba rápido. A senhora já devia ter concluído, portanto, que o Infinito não existe. Não acha que fica um tanto ridículo para alguém da sua idade ficar usando um símbolo desses pra comprar todo dia as mesmas frutas porque elas ACABARAM? "Rá!", pensou o bigodudo. "Ah", pensou ela enquanto escolhia mais laranjas por cima dos óculos. - Acabou por hoje, mas a culpa é sua. - Minha? - Você vai estar aqui de novo amanhã, isso quer dizer que amanhã tem mais laranjas, então elas estão na verdade acabando ou começando? O homem agora se engasgou com os bigodes. Pensou. Precisava valorizar seu trabalho. - Bom. Graças a mim, estão começando. - Então pare de vender laranjas e eu deixo de acreditar no Infinito. [Clarice Freire]

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Minha menina Eu sei que hoje você não pensou em mim, mas eu passei o dia inteiro pensando em você.
“Passei a maior parte da minha vida tentando não chorar na frente das pessoas que me amavam. Você trinca os dentes. Você olha para cima. Você diz a si mesmo que se eles o virem chorando, aquilo vai magoá-los e você não vai ser nada mais que uma tristeza na vida deles.” - A culpa é das estrelas

segunda-feira, 25 de março de 2013

"Se não for hoje, um dia será. Algumas coisas, por mais impossíveis e malucas que pareçam, a gente sabe, bem no fundo, que foram feitas pra um dia dar certo."

segunda-feira, 18 de março de 2013

Um novo dia

O sol pode nascer todos os dias, mais isso não significa que todos os dias ele vai estar com o mesmo brilho.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Ando em crise, numa boa, nada de grave. Mas, ando em crise com o tempo. Que estranho "presente" é este que vivemos hoje, correndo sempre por nada, como se o tempo tivesse ficado mais rápido do que a vida, como se nossos músculos, ossos e sangue estivessem correndo atrás de um tempo mais rápido. Temos de funcionar, não de viver. Por que tudo tão rápido? Para chegar aonde? A este mundo ridículo que nos oferecem, para morrermos na busca da ilusão narcisista de que vivemos para gozar sem parar? Mas gozar como? Nossa vida é uma ejaculação precoce. Estamos todos gozando sem fruição, um gozo sem prazer, quantitativo. Antes, tínhamos passado e futuro; agora, tudo é um "enorme presente", na expressão de Norman Mailer. E este "enorme presente" é reproduzido com perfeição técnica cada vez maior, nos fazendo boiar num tempo parado, mas incessante, num futuro que "não pára de não chegar". Antes, tínhamos os velhos filmes em preto-e-branco, fora de foco, as fotos amareladas, que nos davam a sensação de que o passado era precário e o futuro seria luminoso. Nada. Nunca estaremos no futuro. E, sem o sentido da passagem dos dias, da sucessibilidade de momentos, de começo e fim, ficamos também sem presente, vamos perdendo a noção de nosso desejo, que fica sem sossego, sem noite e sem dia. Estamos cada vez mais em trânsito, como carros, somos celulares, somos circuitos sem pausa, e cada vez mais nossa identidade vai sendo programada. O tempo é uma invenção da produção. Não há tempo para os bichos. Se quisermos manhã, dia e noite, temos de ir morar no mato.Nosso atraso cria a utopia de que, um dia, chegaremos a algo definitivo. Mas, ser subdesenvolvido não é "não ter futuro"; é nunca estar no presente.